terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O Universo Auto-consciente de Amit Goswani e a Filosofia do Idealismo Monista.


"O universo é auto-consciente através de nós". - Amit Goswmi - PhD.
 
Uma pequena biografia: Amit Goswami PhD. É um dos mais importantes físicos da atualidade e um dos poucos que penetrou fundo na espiritualidade humana. No seu livro "O Universo Auto-Consciente" - demonstra como a consciência cria o mundo material. Cientificamente, através da física quântica, ele prova que o universo é um conjunto superior - Deus_. Isto torna sólida a sua afirmação de que á a consciência que cria a matéria e não o contrário, como até hoje "crê" o Realismo Materialístico implantado na ciência por Isaac Newton e Rennè Descartes. Amit Goswami é professor titular de física quântica no Instituto de Física Teórica da Universidade do Oregon e autor de numerosos textos científicos.
 
Rose Marie Muraro - Editora Rosa dos Tempos.
 
Infinito: Atualmente, o físico Amit Goswami presta serviços no Instituto de Ciências Noéticas, fundado pelo astronauta e psicólogo Edgard Mitchell.
 
A FILOSOFIA DO "IDEALISMO MONISTA"
 
"Quanto mais eu observo o universo mais ele se parece a um grande pensamento do que a uma grande máquina". - Albert Einstein
 
A base do Idealismo Monista é a CONSCIÊNCIA e não a matéria. Reduzindo-se tudo à sua origem encontramos a CONSCIÊNCIA.
 
Ela é a realidade única e final da matéria, dos pensamentos, a noção do imanente e do transcendente, os arquétipos, idéias, do mundo manifesto, enfim, tudo é a consciência.
 
A filosofia do Idealismo Monista é unitária, as subdivisões são realizadas pela e na consciência. Na Grécia, o filósofo Platão deixou na sua "República" a proposta do Idealismo Monista, na atualidade, ela é defendida pelo físico teórico Amit Goswami Phd.
 
Na "República", Platão exemplifica a sua teoria usando a "Alegoria da Caverna", que se tornou célebre.
 
A Alegoria da Caverna – Platão
 
Dentro de uma caverna estão sentados seres humanos, hipnotizados pelo jogo de luzes e sombras projetado na parede da caverna. A hipnose é tão grande, que estes seres não se voltam e não conseguem tirar os seus olhos daquela projeção. Entretanto, é a luz que projeta aquele espetáculo de sombras, do universo que está lá fora.
 
Nós somos idênticos aos seres que estão nesta caverna, como eles, confundimos a realidade com as sombras-ilusões, que contemplamos embevecidos na parede da nossa caverna. Entretanto, a realidade genuína está às nossas costas na luz e nas formas arquetípicas que ela projeta como sobras.
 
Esta alegoria serve para demonstrar que os nossos "espetáculos de sombra" são as manifestações imanentes-irreais da nossa experiência humana de realidades arquetípicas, pertencentes a um mundo transcendente. A LUZ é a única realidade nesta alegoria, pois é tudo o que percebemos. - "No idealismo Monista, a CONSCIÊNCIA é como a luz na Caverna de Platão". Amit Goswami.
 
O Idealismo Monista nas literaturas idealistas das diversas culturas
 
Vedanta - Índia: NAMA são os arquétipos transcendentes e RUPA a sua forma imanente.
 
A Consciência Universal é Brahman, o ser fundamental e único. Brahman existe para além de Maya (ilusão).
 
"Todo este universo sobre o qual falamos e pesamos nada mais é do que Brahman. Nada mais existe".
 
Budismo: NIRMANAKAYA e SAMBHOGAKAYA são os reinos materiais e das idéias.
 
DHARMAKAYA, acima destes reinos é a consciência única que os ilumina.
 
Na realidade, só existe o Dharmakaya! "Nirmanakaya é a aparência do corpo de Buda e as suas atividades inescrutáveis. O Dharmakaya de Buda está livre de qualquer percepção ou concepção de forma".
 
O Yin-Yang é um símbolo taoísta. O yang é a parte clara, símbolo masculino e o yin a parte escura, símbolo do feminino. O yang é o reino do transcendente e o yin o imanente. "Aquilo que permite ora as trevas, ora a luz, é o TAO", o Uno que transcende suas manifestações complementares.
A Kabbalah judaica - são duas as ordens de realidade: Sefiroth - transcendente, teogonia e a Alma de peruda imanente "o mundo da separação". O ZOHAR dia: "Se o homem contempla as coisas em meditação mística, tudo se revela com Uno".
 
Cristandade - Céu, transcendente e Terra, imanente. São originadas, estas palavras, do Idealismo Monista. O que está além do céu e da terra? O Rei, a Divindade. "Ela (a consciência fundamento do SER) está em nosso intelecto, alma e corpo, no céu, na terra, enquanto permanece em SI MESMA. Ela está simultaneamente em, à volta e acima do mundo supercelestial, um sol, uma estrela, fogo, água, espírito, orvalho, nuvem, pedra, rocha, tudo o que há". Dionísio - idealista cristão.
 
Há que se observar que em todas estas descrições a Consciência é tida como ÚNICA, mas chega até nós através das suas manifestações complementares, idéias e formas. Este é um importante e precioso componente da Filosofia Idealista.
 
Misticismo - Você pode pegar uma pedra, pode arrastar e se sentar em uma cadeira, observar as coisas ao seu redor e crer que são realidades materiais separadas de você e das outras pessoas. Você as considera REAIS, porque as experiências da forma como se fossem materiais e perfazendo toda uma realidade.
 
As experiências mentais são diferentes, não se parecem com as ditas reais e materiais, por esta razão, nós resolvemos que "mente" e "corpo" são separados, cada qual no seu domínio, nos tornamos, portanto, dualistas.Com o dualismo as explicações ficam dificultadas: como pode uma coisa imaterial, como a mente, interagir com outra material, como corpo material? Se interagirem uma com o outro, qual seria a troca de energias entre os dois? Pela lei da "conservação de energia" no universo material, a energia permanece constante e nada ainda nos provou que essa energia foi desviada para o domínio mental ou que dele foi retirada. E agora? Como estes dois domínios agem para fazerem as suas interações?
 
Os seguidores do idealismo sustentam a realidade primária da consciência e dão o justo valor às nossas experiências subjetivas, mas... não sugerem e nem afirmam que a consciência é a MENTE. Muita atenção: costumamos confundir "alhos com bugalhos" - A CONSCIÊNCIA NÃO É A MENTE! Mantenham esta explicação para sempre.
 
Então o que é a consciência?
 
Pego, nas minhas mãos uma bola que é um objeto material. E penso neste objeto como sendo uma bola. O objeto material-bola - e o mental - meu pensamento sobre o objeto bola - todos os dois se tornam objetos na consciência e nesta experiência existe um observador, um sujeito que está experimentando - pegar na bola e nela pensar.
 
De acordo com Idealismo Monista, a consciência do sujeito em uma experiência sujeito-objeto é a mesma que constitui o fundamento de todo o ser: só há um "sujeito-consciência" pois a consciência é UNITIVA e SOMOS essa consciência!
 
Os Upanishades, livros sagrados da Índia, afirmam - "Tu és ISSO" - e os hindus chamam à consciência, sujeito/ser do ATMAN.
 
No cristianismo, a consciência é o Cristo Interno, o Eu Superior ou o Espírito Santo. Para os cristãos quakre, ela é a LUZ interna. O que importa não são os seus nomes e sim a sua experiência transmutadora inefável, inestimável. O filósofo Aldous Huxley escreveu um livro "A Filosofia Perene", o testemunho dos grandes vultos da humanidade que vivenciaram o ser-consciência, todos eles falam a mesma linguagem e expressam a linguagem da consciência de forma semelhante, a Unidade na Diversidade dos vários personagens que dela forneceram os seus testemunhos.
 
As religiões
 
As religiões foram fundadas, com o fito de simplificarem para as massas os ensinamentos místicos dos que vivenciaram a Realidade Absoluta. Cada uma apresenta a sua senda, um caminho, mas a DESCOBERTA final só poderá ser feita por cada um dos peregrinos, ninguém, ninguém mesmo poderá faze-la por você, este é o SEU trabalho.
 
Infelizmente, todas as religiões se tornaram DUALISTAS. O dualismo das religiões monoteístas judaico-cristãs absorveu a psique ocidental se apoiando em uma hierarquia de intérpretes. Tal como separou Descartes - Mente e Corpo -, o dualismo - Deus/mundo, não parece resistir ao exame científico, explicita o físico teórico Amit Goswami.
 
O Idealismo Monista, compatível com a física quântica, fornece um novo paradigma que pode solucionar os paradoxos do misticismo (transcendência e pluralidade) e dar partida a uma ciência idealista e de fazer a revitalização das religiões.
 
Goswami aponta: os quatro aspectos da consciência
 
1. Percepção: campo da mente, trabalho global.
 
2. Os objetos da consciência: pensamentos e sentimentos passageiros
 
3. O sujeito/observador/experienciador e testemunha - o self consciente
 
4. Consciência, fundamento de todo o SER.
 
Não podemos identificar a consciência com as nossas percepções motoras, sensações e impressões sensoriais. Você se identifica com os seus dedos, no ato de escrever ou com os seus pés no ato de andar? Nada disto e nem um dos chamados "concomitantes" externos da nossa experiência consciente podem ser confundidos com os elementos fundamentais da nossa consciência. No âmago da nossa mente, os pensamentos, sentimentos e opções se encarados assim, nos jogariam dentro do conceito errôneo de Descartes - penso logo existo - quando o correto é - "escolho, logo existo" - Ulrich Neisser adverte e prova o que diz através da física quântica. Escolher é uma função primordial da consciência. "A psicologia não está pronta para enfrentar a consciência" - Amit Goswami retruca - "por sorte, a física está".
 
Fontes:
 
O Universo Autoconsciente - Amit Goswami, Phd - Ed. Rosa dos Ventos.
 
A Filosofia Perene - Aldous Huxley.
 
* Ilustração: Claudio Salvio.
 

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